O verdadeiro fascínio da vida é o que ela nos vai ensinando ano após ano, sem nunca antes desconfiarmos que poderíamos vir a aprender tal coisa.
As pessoas vulgares limitam-se a aprender o que por sua vez, os pais lhe ensinaram, o que os avós lhe ensinaram, o que os professores lhe ensinaram, e assim vão vivendo satisfeitos porque alcançaram o que lhes foi incutido. Limitam-se a copiar valores, religiões, rotinas, apenas porque fica bem ser assim, fica bem ser igual, não sair da regra. Acomodam-se de tal forma, que nem se dão ao trabalho de arriscar seja o que for que vá além daquilo que estão habituados a ver e a usufruir.
Vivem eternamente na mesquinhice da vulgaridade, sem nunca partirem um prato, sem nunca passarem um semáforo vermelho, sem nunca terem mandado à merda a pessoa que mais gostariam de mandar. Pessoas assim, já sabem o que vão almoçar no dia seguinte, porque programaram antecipadamente a ementa para a semana inteira. Vivem numa espécie de jaula e são felizes assim, ou não!
Já por outro lado, as pessoas, chamemos-lhes de "invulgares", não têm limites, não cumprem as ditas regras, não levam à risca os valores que lhe foram ensinados pela vida fora, por vezes disfarçam, para que não sejam mal vistos por olhos alheios como pessoas diferentes, como pessoas não louváveis, para não terem dissabores. Sim, porque nem sempr é fácil viver-se assim, demonstra-lo pelo menos.
É, a este grupo restrito de pessoas invulgares onde me enquadro, onde sinto que sou eu na minha plenitude, compreendida, por vezes não tanto quanto gostaria, mas com isso aparece sempre alguém que é atraído pela forma como penso, porque se identificam e daí nasce o jogo da descoberta, e que normalmente ficam a gostar.
Pessoas invulgares arriscam, fazem ultrapassagens em cima de duas linhas contínuas, dão quecas com pessoas que nunca sonharam e até chegam a levantar o dedo do meio ao cabrão do gnr que acabou de lhe passar uma multa, só porque foram ao multibanco.
Pessoas estas de gostos muito peculiares, não decifráveis por pessoas vulgares. Por serem assim, não faz delas pessoas de menos valor, pessoas não respeitáveis, nada disso.
Gente que vive assim tem um gozo muito especial pela vida, deixam-se levar pelo mistério, pela curiosidade e nem sempre se dão bem com o que tentam, mas tiram disso uma lição de vida e ousam sempre, cada vez mais. Têm um prazer inexplicável em serem assim.
O medo quase não existe nas pessoas invulgares, têm com elas um tipo de sistema imunitário que as protege, vá-se lá entender como.
O próprio medo tem medo de gente corajosa, gente que se atreve, gente que canta alto em plena rua cheia de gente, gente que desce as calças, só porque sim, gente que faz planos para uma queca, e dão 3 ou então não dão nenhuma.
Sim, sou uma pessoa invulgar e depois?
by Palomina