"E todos os «ai» se dizem agora, todos os «amo-te» se ouvem sem que nenhuma palavra se consiga contar, eu e os nossos fantasmas a dizermos a linguagem dos incapazes, a caminharmos pelo pecado de nos sentirmos sem pernas e de só assim conseguirmos andar. «Fala baixo para que o mundo não saiba que não está á nossa altura», e adormecemos assim, murmúrios escondidos no interior dos lençóis, à espera de que ninguém saiba que voltamos a ser incompreensíveis.
Ninguém entende o que nos juntou, mas é ainda estarmos juntos que é inexplicável."
(In, "Prometo Falhar", de Pedro Chagas Freitas)