"Não importa quantas mãos tocaram no teu corpo. O que realmente conta é quem te tocou na alma: quem te fez duvidar, desejar; quem te resgatou desse estado de dormência e inércia; quem te fez renascer.
O toque é efémero, não permenece, não tatua a pele. Dura aquele instante em que provoca arrepios, sejam eles de prazer ou de desconforto. De nojo, até. Não vamos mentir: há toques que nos enojam.
E é aqui que entra o tempo - nosso inimigo e aliado - o ladrão de todas as sensações. As da pele. Porque as da alma estão guardadas numa espécie de cofre-forte, protegido pela memória. E a memória, essa, não se deixa roubar."