Já lá vão uns anitos quando a minha professora de Português disse que tinhamos que ler "Os Maias". Foi um livro maçudo, a maioria dos meus colegas não se deram ao trabalho de o ler e depois no exame nacional foi o que se viu.
Não sei ao certo se essa obra ainda hoje é exigida no secundário, mas caso seja, deixo aqui o resumo para que eventuais alunos que têm pouco tempo para ler (porque estão ocupados com coisas mais interessantes), possam compreender em meia dúzia de linhas, o que foi escrito em centenas de páginas. Desconheço o autor do resumo, mas está bem conseguido.
"Era uma vez um gajo chamado Carlos, que vivia numa casa tão grande que levava p'raí umas vinte páginas a dizer como é que era. Quem gosta de imobiliário, tem aqui um petisco, porque aquilo tem assoalhadas grandes e boas e, pronto, mas pra mim não serve, que eu imóveis só com fotografia, que às vezes um gajo é artista a escrever e depois uma pessoa vai a ver da casa e não tem nada a ver com o que imaginou.
Portanto, o gajo chamava-se Carlos e o pai matou-se quando ele era pequeno, porque a mulher fugiu com um italiano e levou a filha que eles também tinham e...e ele matou-se, não faz sentido, porque o que não falta p´raí são gajas. Ora o puto fica com o avô e tal, vai crescendo e torna-se um gajo fino, bem vestido e que vai a boas festas. Às tantas vê uma gaja e pensa: "Ui, gaja tão boa!" e p'raí na página 400 começam a ir para a cama os dois e andam aí umas boas 200 páginas, pim, pim, troca e vira e agora nesta casa e agora naquela e pumba e...só às tantas vem um gajo e diz: "-Eh pá, olha que a moça é tua irmã!" e o Carlos fica "eh pá, isso não pode ser, que nojo, de maneiras que dá-lhe só mais duas ou três trolitadas e vai dar uma volta ao mundo, para espairecer e acaba tudo em bem, porque, ao menos, não tiveram filhos, porque se tivessem eram, de certeza meios tantans, babavam-se, como o meu primo Zé Luís, que os pais também eram parentes."