Venho eu descansadinha para casa, quando sinto a minha condução a ficar ligeiramente diferente...parei, e o que suspeitava que estivesse a acontecer, aconteceu mesmo..."dasssssssssssss"...digo eu de imediato, "ando numa maré de azar, tudo me acontece."
Um furo no pneu, só me faltava mais esta.
E agora??
Já não é a primeira vez que me acontece isto, mas tive sempre a sorte de aparecer alguém para o mudar.
Entretanto, enquanto me preparo para fazer um telefonema para resolver a situação, pára um indivíduo do sexo masculino, na berma da estrada, atrás do meu veículo, aparentando ter uns 40 e poucos anos.
" - Olá, boa tarde, posso ajudar?" - peguntava-me ele.
" - Boa tarde, pode sim." - disse-lhe eu de imediato. "Estou com um furo no pneu e sinceramente nunca mudei um." Ao mesmo tempo que aceitei a ajuda, sabia que poderia estar a correr graves riscos, afinal ele era um desconhecido, mas deixei-me arriscar, porque o sítio onde me encontrava não era isolado, haviam casas por perto e pessoas à vista. Fiquei mais tranquila.
"- Sabe onde tem o material para o mudar?" - perguntou-me ele, com um sorriso de santo, disfarçado com olhos de pecador. Mas isto foi só o pensamento que me ocorreu na altura, não seja eu uma depravada que em todos os locais e pessoas imagina logo cenas mais "obscenas".
"- Sim." - respondi-lhe enquanto fui abrindo a mala e pondo tudo à sua disposição.
Ajoelhou-se em frente ao pneu furado, arregaçou a camisa e pôs mãos à obra, enquanto eu, ali de pé colada a ele me fazia passar por uma possível aluna de mecânica numa aula de condução.
Ele trocou aquilo em três tempos, rápido demais até para o meu gosto, porque até me estava a dar um certo gozo vê-lo ali naquela manobra onde vinha ao de cima as suas habilidades manuais, fazendo com que a minha imaginação começa-se a ver as suas mãos noutras andanças.
De repente arrepiei e deu um safanão na cabeça, pensando para mim mesma, "controla-te Palomina, foi só um pneu furado e já está quase resolvido."
Acabado o frete dele, depressa se despacha a colocar tudo no local, eu prontifico-me a ajudar e baixo-me para pegar em algumas ferramentas ali espalhadas e sem querer deixo cair uma chave, à qual ele se dirige imediatamente ao mesmo tempo que eu, fazendo com que nos tocassemos, ficamos com os nossos rostos quase colados...confesso que me senti a corar um pouco.
Que sensação...ficamos sem jeito e quase apostaria, tentando adivinhar o que lhe passaria no seu pensamento naquele momento, talvez o mesmo que passou no meu.
O pneu estava mudado, as ferramentas no sítio delas, e agora só me restava agradecer-lhe.
" - Muito obrigado" - disse-lhe eu " - não sei como lhe pagar."
Ele muito rápidamente e de novo com aquele sorriso de el matador, responde-me: " - não tem que agradecer, não custou nada, mas caso queira e possa, deixo-lhe aqui o meu cartão com o meu contacto para que você me possa pagar um café!"
Fiquei sem reação e não consegui respoder áquela provocação de imediato, algo em mim parou, enquanto estendia o braço para pegar no cartão que me oferecera.
Dei uma olhadela no cartão e agradeci-lhe de novo: "Obrigado de novo, senhor........ Ricardo!"
Ele sorriu e perguntou: "- Já agora, muito prazer menina....????"
" - Palomina, o prazer é todo meu Ricardo!" - respondi-lhe
" - Palomina?????" - perguntou ele com cara de indignado.
" - Sim, chamo-me Palomina, mas porquê essa cara de espanto?"
" - Naaada, nada............., é que esse nome não me é estranho e é caso para dizer que é um nome muito invulgar nos nossos meios.
Por acaso já conheço uma, mas só virtualmente, sou seguidora de um blog dela." - respondeu-me, talvez na suspeita que eu pudesse ser essa mesma Palomina.
Aquilo começava a ficar interessante, mas não podia demorar mais tempo.
Será que a Palomina que ele conhecera virtualmente se identificava comigo??? - perguntava-me a mim própria em pensamento.
Bem, eu tinha o contacto dele nas mãos, mas ele de mim nada sabia...a não ser a matricula do meu carro que já poderia ser meio caminho andado para me descobrir, caso ele quisesse.
" - Vou então, senhor Ricardo, mais uma vez agradeço-lhe a ajuda."
" - De nada, foi um prazer, não hesite em contactar-me...Palomina!"
Respondi-lhe com um sorriso e um olhar profundo, enquanto entrava no meu carro e o punha a trabalhar, arrancando de imediato, continuando a observa-lo pelo espelho retrovisor, onde o via a desaparecer estático na berma da estrada enquanto me olhava, até eu desaparecer no horizonte.
Sei que hoje, o Ricardo ao ler este post vai ter a certeza de que a Palomina que ajudou na berma da estrada é a mesma que ele seguia no blog, neste blog.
Quanto ao que se irá passar depois disto, muito sinceramente não sei, mas cada vez mais me sinto atraída e fascinada pelo mistério que o futuro me pode trazer.
Disto tudo, que se passou, apenas digo.........como o mundo é pequeno!!
"Meu ser te espera
e desespera,
na ânsia pelo encontro
Meu corpo deseja
e atropela
na vontade de sentir
O encontro.
Teu corpo,
Meu corpo...
não consegue
não resistir...
Meu coração
carente,
desamparado
Aguarda,
mas ...
no íntimo,
se
Desespera."
Bethânia Uchôa
Esta chuva que teima em não passar.
Humidade a mais também incomoda.
Sinto-me murcha...
O meu corpo precisa de sol para desabrochar...
Necessito de algo que me aqueça o corpo e a mente!
A semana foi um pouco conturbada, algumas noites mal dormidas, alguns planos desfeitos, outros que apareceram entretanto se se esperar, enfim, vidas!!
O tempo que tirara para si própria tinha sido muito pouco, mas ela tem necessidade disso, precisa de tempo para cuidar de si, para fazer coisas que lhe dão prazer, coisas só dela e que só ela sabe como.
Hoje enquanto tomava um banho longo, debaixo do seu chuveiro, deixou-se ficar por ali a sentir a água quente a percorrer-lhe o corpo, que bem lhe estava a saber.
Enquanto se ensaboava, a sua mente fora-lhe despertada com um toque no seu próprio corpo, continuou e sentiu aquele arrepio de querer obter mais prazer, sentindo aquele aroma agradável do gel de banho misturado com aquele vapor da água quente, só sentira que faltava ali uma única coisa para aquele momento se tornar perfeito....uma companhia!
Mas, não seria por isso que iria deixar de sentir prazer...muito pelo contrário, ela sabe como o conseguir mesmo estando sózinha...e aqui está a tal lei da sobrevivência em prática que num dia destes se comentava aqui neste blog.
Os minutos foram passando, a água continuava a percorrer-lhe o corpo e ela tocava-se, explorava o seu próprio corpo com toques suaves, por vezes mais profundos...e o seu pensamento voava naqueles instantes...para longe!
Inclina-se um pouco para a frente e coloca uma das suas mãos na parede, a outra teima em não querer sair do seu sexo, onde ela o explora vezes sem conta, desejando ao mesmo tempo ter ali alguém que a penetrasse nessa posiçao por trás e a fizesse gemer de prazer.
Sente-se quase no auge, os seus mamilos estão duros, pedindo toque...e nesse momento ela delicia-se num orgasmo fisico e mental que a liberta de todas as tensões que sentira antes de entrar naquele chuveiro.
O certo é que os meus planos para esta semana foram quase todos por água abaixo, talvez fosse a chuva que os levou.
Quando tudo parece estar bem e a correr bem para darmos asas num novo voo, aparece algo com uma razão muito forte para não o fazermos.
Às vezes penso se isso não será um aviso, talvez uma forma que nos faça parar um pouco para refletir naquilo que estavamos prestes a fazer.
Bem, eu fico-me pela ideia de que nem todos os dias são bons para.
E melhores dias virão!
As cartas foram lançadas...através de palavras, olhares e muita ousadia à mistura.
Nem sempre o objetivo principal do jogo é descartarmo-nos logo à primeira...nem à segunda, nem à terceira.
Porque o verdadeiro gozo está no imprevisto que poderá surgir ao longo da jogada, mantendo o adversário debaixo de olho, tentando distraí-lo com gestos e palavras que lhe digam o contrário daquilo que ele próprio poderá estar a pensar, nem que para isso seja preciso ir a prolongamento.
E quando ele menos esperar...atacamos, metendo todos os trunfos na mesa.
Palavras servem de preliminares, quando seres ousados se cruzam...
Actos imaginários servem de alimento ao nosso corpo frágil e fraco.
Desejos confundem-se com a razão!
E a razão o que é?
Aquilo que pensamos que queremos e não devemos fazer??
Ou aquilo que sabemos que poderemos vir a fazer, mesmo sabendo que não devia ser feito???
Há quem diga que a razão é fazer o bem, mas também há, os que são apologistas de que a razão é saber agir racionalmente, sabendo detetar inteligentemente os perigos que dela possam surgir. E engane-se quem pensa que a razão é lógica, porque nem sempre o é.
Para mim a razão é uma escolha que leva em conta tudo o que somos, tudo o que fazemos e o que pensamos. E nunca a poderemos tornar universal.
O que para uns é a razão, para mim pode ser loucura e vice-versa.