Ela ainda era uma criança, tinha 12 anos apenas, acabados de ser feitos...talvez com corpo de mulher, fisicamente falando...mas a maturidade era algo que ainda não tinha atingido.
Miúda alegre, sempre bem disposta e brincalhona.
Numa certa tarde, depois de sair da escola, como havia sido já combinado anteriormente, por motivos mais que justificados que não são importantes mencionar aqui, ela não viria para casa no autocarro como era habitual, mas sim com um amigo de familia, mais velho que ela cerca de 8 anos, que trabalhava perto da escola onde ela andava.
Já os dois de viagem no carro, a conversa agradável como sempre, falavam do dia de aulas, do que se tinha feito naquela semana. Tudo parecia normal até uma certa altura.
Altura em que ela depois de inocentemente ter despido o casaco, porque fazia calor no carro, o amigo dela faz um desvio, saindo da estrada principal e metendo-se num pinhal deserto.
Já escurecia.
"- Que vais fazer?" - pergunta-lhe ela quando o vê a sair da estrada.
"- Não te preocupes, vou falar contigo apenas." - responde-lhe ele, já a elaborar o seu plano maquiavélico.
"- E não podemos conversar enquanto conduzes, ou depois de chegarmos a casa?" -Insistia ela, sem imaginar o que a esperava.
"- Não." - disse-lhe ele convicto. "- Tem que ser aqui e já."
Encontrado o local apropriado pára o automóvel e sem meias medidas, diz-lhe: "- Deixa-me beijar-te, tens uns lábios magníficos."
"- Tás parvo ou quê???" -responde-lhe ela. Mas ainda estava calma, sem receio absolutamente nenhum pensando ela que aquela seria mais uma das brincadeiras usais dele.
"- Não beijas, não deixas?" - pergunta-lhe ele.
"- Não, claro que não!" - responde-lhe ela. " - Vamos mas é embora, porque depois ficam preocupados com a nossa demora." - dizia-lhe ela.
Ao qual ele respondeu: "- Não, não ficam, porque eu avisei que iriamos chegar mais tarde, porque iria passar em casa de um colega para lhe levar umas coisas."
Nessa altura ela começou a estranhar, ficou receosa sem saber bem do quê.
E num espaço de segundos, ele arrasta o banco dela para trás, começando a tirar-lhe a roupa à força até ela estar completamente nua, e coloca-se em cima dela.
"- Estás doido? Pára com isso, já!" - dizia-lhe ela já com medo, muito medo.
"- Não resistas, eu não te vou fazer mal, colabora, não me obrigues a usar a força." - dizia-lhe ele.
Mas a força ´dele já estava a ser usada ferozmente.
"- Pára, pára..." - gritava-lhe ela enquanto lutava com as forças todas que tinha, para ver se conseguia fugir daquele sitio e daquele animal que desconhecia até então.
As lágrimas sufocavam-na enquanto que ao mesmo tempo esperneava, tentando defender-se...mas em vão!
Ele tinha mais força e aproveitou-se dela para usar e abusar de uma miúda inocente e inofensiva.
Ela estava a sentir na pele aquilo que já algumas vezes ouvira falar...
Naquele preciso momento estava a ser vítima de violação. Estava a ser violada por uma amigo de familia, com o qual cresceu junto.
A raiva era-lhe sentida na pele dela.
O que ela faria para sair daquele local...se tivesse com o quê, ela MATARIA, tal era a sua revolta.
A luta continuava e ela continuava a gritar: "- Pára, não continues, ainda engravido, tens noção do que estás a fazer???" - gritava ela já sem forças, enquanto ele continuava a penetrar-lhe sem dó nem piedade.
"- Não te preocupes, eu sei o que estou a fazer e não vou ejacular dentro de ti." - dizia-lhe ele estando quase a acabar o seu plano maquiavélico.
Acabada essa luta, que mais parecia cenas de um filme de terror, ele sai do carro, para se recompôr, ela ainda consegue partir algo no tablier dele e ainda pega no relógio dele tb que estava lá pousado e esmaga-o por completo pisando-o tal era a sua raiva...chorou..chorou e não havia maneira de parar.
Ele entra no carro, como se nada tivesse acontecido e põem-se à estrada, rumo a casa, ela não consegue parar de chorar e só pensava que quando chegasse a casa, todos iriam saber o que lhe tinha acontecido. Todos iriam saber quem era o menino bonito que quase foi padre.
Quase a chegar a casa, ele pergunta-lhe: "- Não vais contar nada do sucedido, pois não?"
" - Claro que vou!" - responde-lhe ela.
" - Não vais não." - diz-lhe ele.
Chegam a casa desse amigo, onde iriam jantar todos.
Ela com os olhos muito inchados e vermelhos, era impossível esconder que não estivera a chorar.
A mãe dela vendo-a assim questiona-a imediatamente: "- Que se passou? Porque estás com essa cara? Porque estiveste a chorar?"
Ela apenas responde: "- Nada de especial, chateie-me com uma amiga!"
" - E há razões para estares assim com essa cara?" - insiste a mãe.
" - Não, isto já passa." - responde-lhe ela.
Todos jantavam, enquanto ela empurrou alguma comida sem apetite algum e enquanto aquele filme que se tinha passado no pinhal, passava vezes sem conta na sua cabeça, não conseguiu olhar mais na cara dele, e perguntava-se a si própria porque ocultara ela a realidade do acontecido naquele final de tarde, perante todos.
Chegada a casa dela, a primeira coisa que fez foi ir para a casa de banho, tomar um banho. Sentia-se enojada, suja..ao mesmo tempo que sentia revolta porque a sua intimidade fora arrancada assim daquela forma cruel.
A roupa que usava naquele dia, jamais se atreveu a vesti-la, aquilo fazia-lhe recordar todos os passos daquele fim de tarde que jamais parecia ter fim.
E a pessoa que a violou nunca mais viu um sorriso dela...afastou-se por completo, o que fez levantar algumas questões. Mas ela nunca as respondeu.
Aquele que no passado tinha sido um amigo, aquele que brincou com ela tantas vezes, aquele com quem fez várias partidas de ping pong, aquele com quem nadava...MORREU!
Os dias foram passando, semanas, meses e tinha imensas vezes pesadelos com violações durante a noite e entendia-se bem o porquê.
Ela nunca teve coragem para comentar com quem quer que fosse o acontecido nesse dia, nem com a sua melhor amiga o fez. Fez disso um segredo fechado a 7 chaves.
O mais intrigante desta história, é que ela nunca conseguiu odiar a pessoa que a violou.
A juventude foi passando e aos poucos foi pondo de lado esse macabro episódio da sua vida, foi conhecendo pessoas maravilhosas ao longo dos anos, que fizeram com que isso ficasse não esquecido num canto qualquer, mas guardado numa gaveta, sem que fosse aberta.
Passaram 10 anos e esse assunto parecia já arrumado de vez. Talvez porque deixou de se cruzar com essa tal pessoa.
Mas numa certa noite enquanto fazia amor...a imagem desse episódeo foi despertada como um flasch na sua cabeça, disfarçou.
Na noite seguinte o mesmo se passou e nas noites vindouras isso acontecia-lhe sempre, estava com um homem na cama e na hora em que deveria ter prazer, deixou de o sentir, visualizando aquela cena que uma vez sentiu na pele.
Depois de tantas noites a sentir aquilo, já não dava mais para disfarçar, as lágrimas começaram-lhe a cair pelo rosto, ao ver que não conseguia ultrapassar aquilo sózinha.
Teve que abrir mão desse segredo e contar àquele que foi o seu anjo da guarda, aquele que conseguiu que ela se libertasse por completo e fosse de novo aquela mulher sem medos e sem traumas.
Felizmente conseguiu ultrapassar isso tudo e hoje em dia é uma mulher feliz vivendo a sua vida com uma certa dose de loucura.
Finalizando este testemunho, não me perguntem se fui eu a vítima, se foi alguém conhecido ou se foi algo puramente tirado do meu imaginário.
O importante é que este texto sirva para refletir e sensibilizar as pessoas. Isto que supostamente poderá ter acontecido ou não, ainda é um facto que continua a acontecer nos dias de hoje e muitas vezes bem mais perto do que imaginámos.