Meia ensonada, vou acordando aos poucos da viagem que fiz durante esta noite passada.
Que viagem essa, deixei-me transportar através do meu inconsciente para um local longíquo, onde só estava eu e...mais...alguém!
Como foi que me deixei ir?
Não sei, não quero saber, o importante é que foi bom, muito bom.
Vejo-nos ali deitados numa cama, alheios a tudo, conscientes que o tempo foi feito só para nós.
Olhamo-nos nos olhos, sem palavras, os movimentos corporais tratam de tudo, e como é bom sentir o toque na minha pele, arrepiamos.
Aquele nosso primeiro encostar de bocas, foi fenomenal, foi quase como uma primeira vez, foi um beijo intenso, cheio de vontade, de tantas vontades que se foram acumulando ao longo dos dias.
As mãos, essas percorrem-me o rosto, vão descendo lentamente, e, por intantes envolvem-se nos meios seios, eles pedem mais, apercebes-te, deixas-te ficar, sem pressas, sabes que o tempo não vai avançar, parou, para nós, por tempo indeterminado.
Os olhos, seguem o meu olhar de satisfação, fazes questão de observar cada gesto meu, cada pestenejar.
O corpo, esse vai-se deixando encostar, vai-se colando aos poucos...
E, entregas-te, entregamo-nos mais uma vez, desejosos por este momento mais que imaginado outrora nas nossas mentes.
Mas, a verdade é que estamos ali...os dois mais a nossa loucura...entre lençóis e nada mais é importante.
Entrelaçados, sentimos o encaixe perfeito e lento dos nossos corpos em movimento...nem sei se teremos capacidade para pensarmos que estamos naquele acto de loucura.
No nosso canto, parece tudo digno de um sonho, de um filme surreal talvez, o nosso próprio filme onde os protagonistas são os próprios realizadores numa curta e ao mesmo tempo longa metragem.
Viajamos os dois e conseguimos ir tão longe...mas tão longe que ao acordar reparei que tinhas ficado para trás...nesta viagem onde entramos os dois e saí só eu...